A
Grande Chance
Tudo é
início, novo, esperança e expectativa
As reações que estamos
assistindo são muito importantes e fundamentais para a lógica de uma nova
dinâmica econômica à frente, pois são inerentes ao que se esperava, diante de
tanto erro de governabilidade e desastrosa condução econômica.
Sem pensar (óbvio) que
a solução dos problemas do Brasil estaria no impeachment, a ansiedade por esse
ato e uma nova equipe a ser empossada interinamente, por mais que um presidente
e seus ministros possam estar de alguma forma citados na Operação Lava-Jato, o
empolgar e a ratificação do mercado seria essencial. Não tenham dúvidas de que
na atual gestão peças chaves como ministros e secretários serão trocados,
demitidos, ajustados conforme a política assim o determinar. Infelizmente é o
preço do caminhar pós impeachment.
Primeiro porque, sem as
urnas, mas amparado na Constituição Federal e no STF, é “A Grande Chance” de se
arrumar a casa, implementar medidas de ajustes, ser lembrado como “Itamar
Franco”, mostrar como se faz política econômica;
Segundo porque, é
complementar, essencial e empolgante “tecnicamente” convocar um time de peso
para a equipe econômica;
E terceiro porque tudo
aquilo que o “mercado pagou” teria que ser ratificado.
Natural e totalmente
dentro das premissas a “nova oposição” e os MSAC - Movimentos Sem Alguma Coisa
continuarem em histeria.
Tudo isso está “pago” e
aqui era no mínimo óbvio.
Essas reações inerentes
estão se confirmando a começar pela indústria, conforme nosso relatório de 16/5
“Ceteris Paribus - O Novo Governo, as medidas necessárias e o Congresso
Nacional” onde deixei claro que apesar de “Tudo é início, novo,
esperança e expectativa”, as estatísticas e principalmente a “Confiança”
deveriam refletir no ânimo de quem gera emprego e investimento, assim como de
quem dá liquidez para a produção e o comércio.
Foi assim com a maior
alta em pontos da série histórica do ICEI - Índice de Confiança do Empresário
Industrial da CNI - Confederação Nacional da Indústria, e agora com INEC -
Índice Nacional de Expectativa do Consumidor, também da CNI, que registrou
105,2 pontos em maio, 7,9% superior a abril e 6,6% superior a maio de 2015, o
maior valor desde janeiro de 2015.
Esse complemento era
fundamental conforme destacamos no relatório, de que era necessário o “endosso
do consumidor”.
O aumento do INEC se
deve principalmente à melhora das expectativas dos consumidores em relação à
inflação, ao emprego e à renda nos próximos meses. Os índices de situação
financeira e de endividamento mostram melhora, mas ainda permanecem baixos.
Diferentemente dos outros componentes do INEC, a expectativa de compras de bens
de maior valor mostra queda de 0,6% na comparação mensal.
A Fundação Getulio
Vargas também confirmou pelo seu ICC - Índice de Confiança do Consumidor uma
alta de 3,5 pontos entre abril e maio. Embora a alta do ICC somente compense a
queda dos dois meses anteriores, houve expressiva melhora das expectativas em
maio e, pela primeira vez desde dezembro de 2013, o consumidor não está
pessimista em relação à evolução da economia nos meses seguintes.
Confirmando nossa
“lógica de uma nova dinâmica econômica à frente” o desfecho da primeira fase do
impeachment alterou positivamente o humor de uma parcela dos consumidores,
talvez em função da percepção de redução das incertezas. A maior contribuição
para a alta do ICC em maio foi do indicador que mede o otimismo com relação à
economia nos meses seguintes, que subiu 14,4 pontos, passando de 86,0 para
100,4 pontos, o melhor resultado desde dezembro de 2013.
Agora ... mais uma vez,
“Tudo é início, novo, esperança e expectativa”.
Esse aumento da
confiança de empresários e consumidores traz uma expectativa à equipe econômica
que a economia possa crescer até 3% em 2017. Apesar da estimativa de que o PIB
potencial brasileiro permita um crescimento máximo de até 2%, a área econômica
acredita que o fechamento do hiato do produto poderá permitir expansão ainda
mais forte da economia no momento inicial, sem impacto sobre a inflação.
Mesmo que a retomada da
economia permita uma recuperação da arrecadação equivalente a 1% do PIB e que a
despesa caia em proporção do PIB, ainda teremos um déficit primário em 2017
superior a 1% do PIB. Assim, para conseguirmos um superávit primário em 2017,
temos que contar com receitas extraordinárias vindas de vendas de ativos e de
concessões. Ou seja, os prospectos referentes a isso precisam já estarem sendo
providenciados. Na pior das hipóteses a dívida bruta chegará em 85%, vinda de
66,5% no fechamento de 2015. O déficit aprovado pelo Congresso para 2016, de R$
170,5 bilhões, pode não se confirmar (muito bom) já que o governo excluiu de
sua previsão de arrecadação todas aquelas medidas que ainda dependem de
aprovação do Congresso.
Acho interessante e
oportuno o limite para as despesas do governo, o que remete ao compromisso de
somente repassar a inflação sem aumento real. As necessidades de aumento real
dentro do orçamento estarão ligadas à redução de outras despesas dentro desse
orçamento, funcionando como proporcionalidade entre as despesas. Ou seja, pode
até haver aumentos reais entre uma despesa ou outra, mas variando dentro de um
orçamento corrigido pela inflação, pura e simplesmente isso. Uma despesa
aumenta se a outra proporcionalmente cair. Embora a idéia seja muito boa,
dentro até do que reza a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Congresso Nacional
deverá negociar uma flexibilização desse conceito.
O ministro da Fazenda
Henrique Meirelles tem dado muita ênfase a “retomada da confiança”, meio que
sinalizando a empresários e parlamentares, de que sem isso nada se conquistará,
mas em se reconquistando, é possível esperar redução da taxa de juros para o
nível neutro, caso os fatores de risco atuais sejam reduzidos ou eliminados. A
atenção se volta para o processo negocial que se inicia agora, oportunidade de
criar estruturas de responsabilidade fiscal mais sólida para todos os Estados,
inclusive.
Assim como Itamar Franco,
Michel Temer.
Assim como FHC, HCM.