O sinal definitivo
A crise política e o novo presidente da Câmara
É certo que o ambiente político econômico no Brasil mudou.
Temos outros ares.
Basta ver os índices crescentes de confiança, indústria,
comércio e emprego já capturados pelas pesquisas no pós maio e aqui comentados.
Sim, porque tudo o que saiu de estatística até maio “esqueçam”; puro efeito de
repúdio a um governo perdido nas suas atitudes, sem governança e sem
governabilidade, com conseqüente retração de tudo.
Não adianta olhar o resultado das vendas no varejo restrito,
através da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) em maio e se assustar com uma
queda de 1% em relação a abril, e pior, quando o consenso era de crescimento de
0,4% (aqui muito otimismo para o período). Os ajustes no emprego ainda
continuarão, o consumidor ainda estará apegado ao básico.
Apesar da estabilidade da produção industrial em maio sobre
abril e crescimentos de 0,2% em abril e 1,4% em março, temos os chamados
“soluços de reposição de estoques” e a produção voltada para as exportações. A
elevada ociosidade, apresentada através do Nível de Utilização da Capacidade
Ociosa (NUCI) da FGV, atingiu 73,9% em junho, muito abaixo da média dos últimos
60 meses, de 80,1% na série com ajuste sazonal. Isso vai permitir a economia a
partir de AGOSTO crescer sem pressão inflacionária, com alta disponibilidade de
mão de obra, embora com renda em queda e investimentos postergados justamente
por conta dessa ociosidade.
Outra estatística de maio, o Índice de Atividade Econômica
do Banco Central (IBC-Br), retraiu-se 0,51% em maio, acima das expectativas de
mercado de média de queda de 0,24%, após crescimento de 0,07% em abril (dado
revisado), acumulando retração de 5,79% no ano. Contudo, na média móvel
trimestral, mais indicado para captura de tendência, o IBC-Br já acumula a
terceira alta seguida (sem ajustes), após 7 meses de baixa, subindo 0,66% em
maio, 1,9% em abril e 1,08% em março; um sinal de exaustão do movimento de queda
e até indícios de antecipação dos fatos.
Do lado positivo de maio temos o superávit de US$ 1,2 bilhão
nas transações correntes do Brasil, acima do que esperava o BC (déficit de US$
200 milhões), o melhor resultado mensal desde agosto de 2007 e o primeiro saldo
positivo para meses de maio desde 2006, onde a Balança Comercial foi
fundamental, com superávit de US$ 6,251 bilhões. Quanto a isso, daí a
necessidade e “intenção” do BC em “interferir” no câmbio “flutuante” ... já
deixado CLARO ... “pontuais e com parcimônia”. No acumulado, no entanto, as
transações correntes guardam um déficit de US$ 5,966 bilhões, mas mais do que
coberto pelo ingresso de Investimento Direto no País (IDP) acumulado no ano de
US$ 29,898 bilhões, sendo só em maio de US$ 6,145 bilhões.
Ou seja, se considerarmos o “andar da carruagem”, com o
sentimento dos parlamentares também sendo sensibilizados pela oportunidade de
se fazer história e “diminuir um pouquinho” os índices de insatisfação da
“Casa” (Congresso) perante a opinião pública, o momento nos mostra aumento do
potencial de ganharmos upgrade das agências de rating, conforme antecipado em
11/7 em nosso relatório “Indícios e evidências - A importância dos sinais
quando se realizam mudanças”, quando afirmei que ...
“Agências de rating observam e com ponderações revêem seus
modelos. Parece que temos perspectiva “de negativa para estável, e até para
positiva” no final de 2017”.
Para a continuidade do bom “andar da carruagem”, o resultado
da eleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para presidente da Câmara não podia ser
melhor. Sem se posicionar, mas “sorridente” por um candidato de consenso ter
vencido por um placar até impressionante (285 x 170 - estima-se de 30 a 40
votos do PT), o governo interino aproxima-se do momento derradeiro de colocar
em pauta as medidas necessárias à prova do Congresso e o que mais se deseja
conquistar nessa transição de governo e pavimentar o caminho dessas mudanças
necessárias para que este país volte a crescer e possamos decretar :
Ponto de Compra de Longo Prazo !
Isso ainda não é possível, mas por tudo que se tem
sinalizado e comunicado, parece que não estamos longe.
Um fator negativo é que Rodrigo Maia é contra a retirada de
incentivos à indústria (desoneração da folha de pagamentos), o que pode render
muita arrecadação, sem mexer em aumento de carga tributária.
Por que gestores de recursos ganham dinheiro ou rentabilizam
seus portfólios acima da média de mercado? Porque, diante das expectativas
assumem um cenário, definindo suas premissas, interpretando as atitudes dos
membros da equipe econômica e medidas do núcleo econômico, e se posicionam. Não
ficam “se isso, se aquilo” ou “em cima do muro”. Em breve teremos o sinal
definitivo.