O interesse e a influência das palavras
Entre o querer e o
poder há muita diferença. Será ?
Trazendo um paralelo aos fatos atuais,
no país do futebol “treino é treino; jogo é jogo”. Será ?
Parece que entre essas palavras há outras,
de interesses, de influências, de importâncias. O ambiente político econômico
mundial remete à “Chuvas” e “Trovoadas”, culminando em “Volatilidade”, da qual
o mercado financeiro especulativo adora.
Estávamos “Rezando” para que nossos
planos e medidas pudessem ser aplicados em paz e envoltos apenas aos nossos
problemas, mas a “Globalização” traz o que não é nosso e mistura-os ao nosso
cotidiano.
A sopa de palavras e expressões é
longa, dentre as quais .... Occupy Wall Street, Lava Jato, Impeachment no
Brasil, Centro-direita na Argentina, PEC dos Gastos, Brexit, Repatriação,
Implosão econômica da Venezuela, Ciclo das commodities, China, Reforma da
previdência, Obamacare, Seguro-desemprego, Reforma trabalhista, Paz com as
FARC, Perdão do Caixa 2, Wikileaks, NAFTA, Deportação, Nexit, Marine Le Pen na
França, Acordo Nuclear com Irã, Muçulmanos, Rodrigo Duterte nas Filipinas,
Suprema Corte americana, Estrangeiros, Muro na fronteira, Wladimir Putin,
Candidatos Outsiders, Ultranacionalismo, Refugiados, Rebeldes de Alepo .......
até o presidente americano eleito Donald Trump, cujo Batismo de Fogo está sendo
aguardado como nunca.
Muitas das palavras acima, e fatos que
as representam, levam a uma condição que mexeu de forma irredutível e irritante
com a população e a atividade econômica no mundo inteiro: a empregabilidade.
Enquanto não houver a reversão da
curva do desemprego, ainda estaremos fadados a resultados econômicos medíocres.
Contudo, no Brasil, a intenção de contratar ainda carece de elementos, mas já
se faz aparente.
Daí o sucesso de várias
personalidades, ou fatos que se representam por essas expressões, também
elencadas nesse emaranhado de palavras.
O fato é que tudo o que se faz para
melhorar a empregabilidade da população é de suma importância e evolução de uma
economia, com a política sendo mera coadjuvante quando esses legisladores
trabalham de forma coordenada para o bem comum. E é aqui o fundamental e o
imprescindível quando o propósito é articulado, fato que muitos dos discursos
atuais, em especial o de Donald Trump, se faz necessário para buscar o
interesse comum.
Não se legisla sozinho. Um presidente,
“um prefeito”, pode não ser político, mas a partir de sua eleição e posse vira
um político e precisará ser um político, porque projetos de lei ou emendas à
Constituição pura e simplesmente precisam ser votados. E isso requer
negociação, habilidade política e grupo fechado.
Como o próprio Donald Trump enfatiza a
lealdade, uma vez firmado um acordo é preciso cumpri-lo. Sua campanha foi em
cima de uma plataforma radical e se recordarmos suas dissertações de como
dominar a arte de negociar, podemos imaginar que o que se buscar é estancar a
sangria e ganhar a briga no grito, amparado por políticos republicanos em baixa.
Como se comportará o presidente eleito
quando estiver sob pressão doméstica ou tendo que administrar crises externas ?
De um lado ou de outro, os mercados gostarão dessa volatilidade.
O FED, preparado para elevar a taxa de
juros em dezembro, volta atrás diante de um país em alvoroço, buscando entender
essa dinâmica econômica para implementação da alta dos juros, mesmo com a
inflação caminhando para os níveis desejados mais rápido do que se imaginava.
Entre alegrias e decepções, vitórias e
derrotas, devemos nos confortar que pelo menos aqui no Brasil estamos no
caminho econômico certo e que pelo lado político, as frustrações estarão mais
presentes do que imaginávamos; reflexo da sempre evidente Operação Lava Jato e
delações que se apresentarão como é o caso da megadelação da Odebrecht com 70
executivos (esqueça Eduardo Cunha), esta sim relevante, de abrangência
extremamente preocupante, que abrange ainda um acordo de leniência com Estados
Unidos e Suiça, cujo valor pode atingir R$ 6 bilhões.
Pelo lado econômico, seja na equipe
econômica do governo, seja nos nomeados para as empresas estatais, todos
“donos” de sua função, sem aparente ingerência política, cuidam para entregar o
seu trabalho como na iniciativa privada de onde vieram. Exemplo interessante de
que “tudo é uma questão de nome” foi Pedro Parente na Petrobras, onde redução
de preços dos combustíveis é “política de preços”, enquanto no governo anterior
era interferência na gestão da empresa e inflação maqueada. Que bom que essa
distinção aprendemos a fazer, que os políticos “engoliram com gosto” diante do
óbvio e que o mercado aplaudiu, em meio a uma crise sem precedentes.
Pelo lado político evoluímos com a
mais fácil de se negociar das medidas a serem implementadas, a PEC dos Gastos, aprovada
com ampla maioria em dois turnos na Câmara, e por que não num Senado de 80
votos ? Neste caso, impõe-se a limitação e o controle de gastos já para o
próximo ano, ganhando-se então tempo para negociar a reforma Previdenciária e
Trabalhista, estas sim demandarão “suador dos bons”, para se chegar num
consenso que não será o ideal.
A saída que acabou entusiasmando e de
certa forma surpreendeu foi a arrecadação obtida com a regularização de R$
169,9 bilhões de ativos brasileiros mantidos no exterior de forma ilegal, a
“Repatriação”, que acabou gerando R$ 50,9 bilhões ao governo, efeito de 15% de
multa e 15% de imposto de renda, já estando destinados R$ 38,5 bilhões à União
e o restante a Estados, Municípios e fundos constitucionais que concedem financiamentos
ao setor produtivo nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Essa questão é tão promissora, pois
estima-se que essa receita pode chegar a R$ 200,0 bilhões, que já se negocia no
Senado uma nova janela de regularização de manutenção de ativos ilegais no
exterior para fevereiro de 2017, com 17,5% de multa e 17,5% de imposto de
renda, trazendo então parcela dos descrentes ou dos impedidos ou dos que
duvidam ou dos que desprezam a capacidade de fiscalização das autoridades no
Brasil.
Os números até aqui não poderiam
deixar de confirmar a equivocada, mal sucedida e decadente política econômica
do governo anterior ao se adotar uma nova matriz econômica sem lastro.
Ainda continuaremos com ajustes nas
várias atividades econômicas, mas aproximando-se do ideal. Não se assustem com
os números que vem sendo divulgados; isso tudo já era dado.
Devemos sim refletir a velocidade com
que o mercado “pagou” tudo isso. Um dos exemplos disso é a valorização do
Ibovespa neste ano, considerado o termômetro da economia brasileira, indicador
que sempre antecipou os efeitos positivos ou negativos, internos ou externos,
da adoção de políticas econômicas. Em 20/05/08 o Ibovespa fechou em sua máxima
histórica de 73.516 pontos, atingindo 73.920 pontos de máxima histórica intraday
em 29/05/08. Nessa época os fundamentos da economia brasileira eram tidos como
bons e o país já era Investment Grade pela Standard & Poor’s. Em 2016 a
máxima em fechamento foi de 64.924 pontos (31/10/16) e 65.291 pontos em máxima
intraday (01/11/16).
Ou seja, considerando a máxima em
fechamento de 2016, o Ibovespa precisa evoluir apenas 13,2% para igualarmos a
máxima histórica. Por outra ótica, a dos preços em dólares (US$), a máxima
histórica em fechamento passa a 44.367 pontos, enquanto em 2016 a máxima é de
20.409 pontos. Ou seja, o Ibovespa ainda tem por evoluir nada menos que 117,4%,
demonstrando que nosso mercado perto do que chegou está “de graça”.
Mas muito trabalho há pela frente e
árduo será sua concretização.
Diferente daquele 20/05/08 e
convergindo para as estimativas do governo de déficit primário de R$ 169,3
bilhões para o ano de 2016, o resultado do setor público consolidado em
setembro atingiu R$ 26,6 bilhões de déficit primário, o pior para esse mês desde
o início da série histórica do Banco Central (BC). O governo central e os
governos estaduais apresentaram, respectivamente, déficits de R$ 26,5 bilhões e
R$ 298,0 milhões, enquanto as empresas estatais registraram superávit primário
de R$ 154,0 milhões. No ano esse déficit atinge R$ 85,5 bilhões, equivalente a
1,86% do PIB e 3,08% em 12 meses, minimizado pelo superávit de Estados e
Municípios de R$ 10,0 bilhões.
A atividade econômica em si ainda
demonstra uma produção industrial instável, ora crescendo ora retraindo-se
conforme evolução das exportações e estoques do comércio varejista. Em setembro
9 de 14 locais pesquisados pelo IBGE apresentaram crescimento na produção
industrial, perfazendo no mês crescimento de 0,5%, com São Paulo, quase que um
terço da produção nacional, destacando-se com crescimento de 1,6%, após queda
relevante de 4,8% em agosto.
O Indicador Antecedente de Emprego
(IAEmp) da Fundação Getulio Vargas (FGV) recuou 0,8 ponto em outubro,
alcançando 92,9 pontos, o que podemos considerar como uma acomodação do
indicador após 7 altas consecutivas, entre março e setembro, que sinaliza
atenuação do ritmo de queda do pessoal ocupado na economia brasileira. Já o
Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) subiu 0,6 ponto em outubro, para 99,2
pontos, mantendo-se próximo ao máximo histórico, mostrando que o nível de
desemprego continua elevado e não mostra evidências de reversão da tendência de
alta até agora.
Os componentes que mais contribuíram
para a queda do IAEmp em outubro foram os indicadores que medem o grau de
satisfação com a situação atual dos negócios e o ímpeto de contratações nos próximos
três meses, ambos da Sondagem da Indústria de Transformação, com variações de
-4,9 e -2,9 pontos, respectivamente.
Em relação ao ICD, as classes de renda
familiar que mais contribuíram para a alta do indicador foram as dos
consumidores com rendimentos familiares mensais de até R$ 2.100,00 e aqueles
entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800,00, cujo Indicador de percepção de facilidade de
se conseguir emprego (invertido) variou 1,5 e 1,0 ponto, respectivamente.
Ou seja, a inflação futura ajusta-se à
meta, com o BC conseguindo “Comunicar-se” e ancorar as expectativas do mercado,
mas o cenário externo acaba por trazer a “Volatilidade” de que tanto o mercado
gosta, mas infalível em desarticular a velocidade de que já estava delineada
pelas últimas pesquisas.