Com o plano de investir 1
bilhão de dólares em três anos, a incorporadora Related Brasil anunciou sua
chegada ao país com uma meta ambiciosa: estar entre as maiores empresas do
setor neste mesmo prazo.
Criada a partir das incorporadoras norte-americanas The
Related Group e Related Companies, a nova empresa começa a dar os passos
iniciais em território brasileiro com a estimativa de destinar 120 milhões de
dólares aos primeiros projetos, que devem ser lançados em cerca de três meses.
"A intenção é estar entre as maiores empresas
(incorporadoras) em três anos", disse o presidente-executivo da Related
Brasil, Daniel Citron, que foi presidente no Brasil da gestora de investimentos
imobiliários de alto padrão Tishman Speyer. Entre as maiores construtoras e
incorporadoras do país estão a PDG Realty e Cyrela Brazil Realty.
Segundo Citron, o aporte de 1 bilhão de dólares -formado por
recursos próprios e de terceiros- deve se converter em Valor Geral de Vendas
(VGV) entre três e quatro vezes maior até 2014. Este ano, a empresa deve ter de
três a quatro projetos no país.
"De todas as possibilidades que olhamos, o país com
maior potencial de crescimento nas próximas duas ou três décadas é o
Brasil", afirmou o cubano Jorge Pérez, um dos sócios da Related Brasil.
O Related Group, fundado em Miami por Pérez, e a Related
Companies, criada por Stephen Ross em Nova York, estão entre as maiores incorporadoras
dos EUA, com portfólio combinado de cerca de 20 bilhões de dólares. Ross também
é sócio da Related Brasil.
"Vemos (no Brasil) muitas das características
encontradas nos Estados Unidos anos atrás", acrescentou. Para atingir a
meta de alcançar o topo do setor, a Related considera parcerias e até mesmo
aquisições.
Com posicionamento nos padrões de renda médio e alto, a nova
empresa ainda não formou um banco de terrenos e está negociando áreas para
empreendimentos nos segmentos residencial, comercial (venda e locação),
hoteleiro e projetos de desenvolvimento urbano.
TIME BRASILEIRO
Os sócios da Related Brasil se apóiam no argumento dela ser a
única incorporadora de origem totalmente norte-americana a investir no país por
meio da criação de uma empresa nacional.
Com escritório sediado na região da avenida Faria Lima, em São Paulo, Citron está
cuidando atualmente de compor a diretoria da companhia, que será composta por
brasileiros.
"Não queremos saber mais que os brasileiros... vamos
trazer conhecimento. Estamos falando com empresas aqui, queremos firmar
parcerias e ser uma empresa brasileira, não apenas ter um ou dois
projetos", disse Pérez.
Ele acrescentou que o grupo vem negociando parcerias em
projetos com "grandes empresas" no Brasil, principalmente parcerias
regionais. A Related também recorrerá a parceiros por não ter construtora
própria.
Embora não descarte operar em cidades carentes de terrenos
como São Paulo e Rio de Janeiro, o comando da companhia está de olho na região
Nordeste.
"É mais fácil entrar onde os preços não subiram tanto,
onde existe mais área disponível... o Nordeste oferece mais
possibilidades", disse Citron.
Inicialmente, a Related Brasil deve ter participação pequena
nas operações do grupo norte-americano, mas a fatia tende a aumentar
gradualmente e se tornar parte relevante, segundo Pérez.
Embora a companhia tenha projetos isolados em outros países
da América Latina, como México, Colômbia e Uruguai, o executivo ressaltou que o
Brasil será "foco de atenção" do grupo agora.
"BOLHA" DE PREÇOS
Sob a sombra da possibilidade de formação de uma bolha
imobiliária no Brasil, Pérez disse estar sempre preocupado, sobretudo se
considerados os preços em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, quando
comparados a Miami, por exemplo.
"A preocupação é se os preços estão altos porque a
demanda é alta e se a demanda cair eles vão cair também", afirmou,
ponderando que o Brasil tem a seu favor o aumento de renda da população e a
migração de classes.
"Diferentemente dos EUA e da Europa, a classe com maior
poder de compra está crescendo de forma muito mais forte, suportando o
mercado", assinalou.
Fonte: Reuters