A redução da taxa básica de juros
(Selic) para 9,75% ao ano foi bem absorvida pelo mercado financeiro como um
todo, e saudada como fator determinante para a retomada de investimentos no
setor produtivo. Mas alguns analistas já advertem para a necessidade de
adaptações, caso o Banco Central (BC) mantenha a tendência de afrouxamento da
política monetária.
O economista Ivo Barbiero,
presidente da proScore, Bureau de Informação e Análise de Crédito, advertiu,
por exemplo, para o caso de a Selic vir a ficar abaixo do equilíbrio entre
oferta e demanda por títulos públicos que compõem a dívida interna federal.
Segundo ele, o BC deve ficar atento quanto à manutenção desse equilíbrio para
que não haja necessidade de ágio sobre a Selic, nem de aumento do compulsório.
Ele ressaltou, no entanto, que a
redução da Selic é benéfica em diferentes aspectos da condução econômica do
país. Primeiro, pelo efeito imediato e direto na redução do custo dos juros da
dívida interna, estimada em R$ 8 bilhões/ano para cada ponto percentual a
menos, depois, porque desestimula o ingresso de recursos meramente
especulativos, que contribuem para valorização do real e consequente perda de
competitividade dos preços brasileiros lá fora.
Especialista em direito econômico e
empresarial, o ex-diretor do BC, Luiz Lemos Leite, que preside a Associação
Nacional das Sociedades de Fomento Mercantil - Factoring (Anfac), entende que o
processo de redução da Selic deve continuar. Mas ressaltou que a reversão do
desaquecimento econômico do país não depende só da política monetária. Depende
mais precisamente, segundo ele, de alterações estruturais de ordem tributária e
cambial.
Ele disse que o sistema tributário
brasileiro é anacrônico, tem custo elevado e inibe a competitividade dos
diferentes setores da economia; sobretudo da indústria, que está em processo de
desaquecimento desde agosto do ano passado. Lemos Leite acrescentou que o
Brasil precisa urgentemente de uma reforma corajosa e eficiente no seu sistema
fiscal, e que o momento é adequado para isso, uma vez que a presidente Dilma
Rousseff está com prestígio em alta.
Fonte: Agência Brasil