A entrada de dólares no Brasil continuou firme na
semana passada, apesar de uma leve queda em relação à semana anterior, mesmo
após o governo ter anunciado medidas para diminuir os ingressos de recursos
numa tentativa de conter uma valorização excessiva do real.
A diferença entra as
entradas e saídas de dólares ficou superavitária em 2,642 bilhões de dólares na
semana passada. Uma semana antes, entre os dias 27 de fevereiro e 2 de março, o
fluxo havia sido positivo em 2,920 bilhões de dólares.
O resultado da
semana passada foi sustentado totalmente pelo segmento comercial, que registrou
superávit de 2,691 bilhões de dólares. A conta financeira -por onde passam os
investimentos externos em carteira e produtivos, entre outros- ficou negativa
em 49 milhões de dólares.
No mês até dia 9, o
fluxo cambial está positivo em 5,108 bilhões de dólares, praticamente o mesmo
montante visto em fevereiro todo, quando o superávit ficou em 5,705 bilhões de
dólares. Na conta do mês, as operações comerciais têm saldo positivo de 3,609
bilhões de dólares, enquanto o segmento financeiro é superavitária em 1,499
bilhão de dólares.
No acumulado do ano,
o fluxo cambial é positivo em 18,095 bilhões de dólares. Ainda assim, o número
está abaixo dos 30,361 bilhões de dólares que ingressaram ao Brasil em termos
líquidos no mesmo período do ano passado.
Os fortes ingressos
de recursos ao país têm contribuído para a queda do dólar, que no mês passado
chegou a cair abaixo de 1,70 real, levando o BC a voltar a intervir no mercado
e o governo a adotar medidas para frear o intenso fluxo de dólares.
O governo tem
endurecido o tom contra a chamada "guerra cambial". Apenas em 1º de
março foram duas medidas para frear a entrada de dólares no país, cerca de um
mês após o BC ter retomado operações de compra de dólares nos mercados à vista
e a termo, bem como leilões de swap cambial reverso, que equivalem a uma
aquisição de moeda no mercado futuro.
Na última
segunda-feira, o governo voltou a agir, elevando o Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF) a 6 por cento sobre empréstimos externos com prazos de até
cinco anos. O prazo foi ampliado onze dias depois de o governo elevar a
alíquota do imposto sobre operações de até três anos.
O ministro da
Fazenda, Guido Mantega, tem repetidamente dito que o governo não permitirá uma
apreciação do real para não prejudicar ainda mais a indústria brasileira.
Na terça-feira,
Mantega afirmou que o governo é partidário do câmbio flutuante, mas "não
podemos fazer papel de bobos" num momento de grande liquidez
internacional, que tende a valorizar moedas locais e prejudicar seus mercados.
COMPRAS DO BC
O BC informou também
que liquidou 958 milhões de dólares em compras de moeda no mercado à vista na
semana passada. Na semana anterior, o BC havia liquidado 842 milhões de dólares
nessa modalidade. Considerando o mês, as compras liquidadas ficaram em 1,214
bilhão de dólares.
As intervenções no
mercado de câmbio pelo BC fazem parte da estratégia do governo de conter a
apreciação do real. A autoridade monetária retomou as compra de dólares nos
mercados vista e a termo no mês passado e realizou também leilões de swap
cambial reverso, que equivalem a uma aquisição de moeda no mercado futuro.
O BC, no entanto,
não atua diretamente no mercado desde 5 de março. Desde 1º de março, quando o
governo anunciou as primeiras medidas no mercado de câmbio, o dólar acumula
valorização de 4,67 por cento até a véspera, a maior dentre as 36 moedas mais
negociadas nos mercados globais de câmbio acompanhadas pela Thomson Reuters.
Às 13h32 desta
quarta-feira, o dólar subia 0,77 por cento, para 1,8141 real na venda, em meio
aos ganhos da moeda no exterior e a expectativas de que o governo possa adotar novas
medidas no mercado de câmbio.
Fonte: Reuters