Se o mundo não
estivesse dividido entre ricos e pobres, e todos pudessem obter a mesma parcela
dos rendimentos globais, quanto cada pessoa receberia por mês? De acordo com
pesquisadores da Organização Internacional do Trabalho (OIT), esse valor seria
de US$ 1.480 (R$ 2,7 mil).
Mas como os pesquisadores chegaram a este número?
O valor total da receita mundial está em US$ 70
trilhões (R$ 127 trilhões) por ano, e há 7 bilhões de pessoas no planeta. Logo,
por uma conta mais simples, a média de rendimentos anuais estaria em cerca de
US$ 10 mil (R$ 18 mil) por pessoa por ano.
Mas nem todos têm o mesmo salário e, dentre a
população mundial, muitos estão fora da força de trabalho.
Complexo, o cálculo do salário médio mundial tem
sido parte de um projeto da OIT, que é ligada às Nações Unidas, e esta é a
primeira vez que as cifras são divulgadas.
Foram usados dados de 72 países, coletados em 2009,
e somente a massa assalariada foi levada em consideração. Autônomos
- a maioria em alguns países em desenvolvimento - e pessoas que vivem com a
renda de benefícios sociais não foram incluídos.
Primeiramente, foi calculado o salário total para
cada país, e nações mais populosas tiveram peso maior. Após somar as médias de
todos os países, os pesquisadores dividiram o total pelo número de assalariados
registrados e chegaram à cifra de R$ 2,7 mil mensais - ou cerca de US$ 18 mil
(R$ 32 mil por ano).
Média
ainda é baixa
Outro fator importante é o câmbio. A moeda
utilizada pelos economistas da ONU não é o dólar normal, mas sim dólares de
Paridade de Poder de Compra (PPC). Essencialmente, o dólar PPC leva em
consideração as variações de custo de vida em diferentes países. Ou seja, o
estudo avalia quanto uma pessoa pode comprar com US$ 1 em diferentes realidades
econômicas para se ter uma base de comparação.
Embora o valor de R$ 2,7 mil mensais (cerca de R$
137 por dia) possa parecer alto, os responsáveis pelo estudo alertam que, na
prática, o salário médio mundial ainda é muito baixo.
Mais de um terço da população do planeta ainda vive
com menos de US$ 2 (R$ 3,6 por dia) - abaixo da linha de pobreza. Em um país
como o Tajiquistão, por exemplo, o salário médio anual, e não mensal, é de US$
2,7 mil (R$ 4,9 mil).
Os R$ 2,7 mil mensais e R$ 32 mil anuais também
estão abaixo dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, onde a média salarial é de
R$ 5,4 mil por mês e R$ 67 mil por ano.
"(A pesquisa) revela um pouco sobre a
qualidade de vida das classes médias. Diz como as pessoas estão no fim do mês,
dá uma ideia de como elas vivem - quantas vezes podem sair, onde podem comprar,
onde podem viver, que tipo de aluguel podem pagar. E isso é o mais
interessante, em contraste com o PIB per capita, que é uma noção muito mais
abstrata", diz o economista Patrick Belser, da OIT.
"O que mostra, também, é que a média salarial
ainda é muito baixa, e que, portanto, o nível de desenvolvimento econômico
mundial ainda é, de fato, muito baixo, apesar da abundância financeira que
vemos em alguns lugares", conclui.
Fonte: BBC