O Congresso ABVCAP 2012, maior evento do setor de
Private Equity e Venture Capital da América Latina, se iniciou na última
segunda-feira (17), em São
Paulo, com a notícia de que o BNDES vai investir R$ 1 bilhão
até 2014 no desenvolvimento de empresas por meio de fundos de Venture Capital e
Private Equity.
O anúncio foi feito pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que realizou a
palestra de abertura do Congresso promovido pela ABVCAP (Associação Brasileira
de Venture Capital e Private Equity), para uma platéia de cerca de 500 pessoas,
reunidas no Grand Hyatt Hotel, na capital paulista.
O investimento de R$ 1 bilhão será feito por meio de todos os fundos do BNDES
voltados ao setor de Private Equity, Venture Capital e capital semente. Ainda
em 2012 o BNDES vai lançar dois fundos de Venture Capital em Tecnologia da
Informação, um fundo multisetorial e dois fundos de Private Equity.
Também serão lançados os fundos Criatec II e Criatec III, dirigidos a empresas
emergentes com foco em inovação.
"Nosso compromisso é investir R$ 1 bilhão em fundos nos próximos três anos, até
2014. E para cada R$ 1 real investido pelo BNDES, esperamos mais R$ 4 vindos do
mercado, o que poderá multiplicar esses R$ 1 bilhão em R$ 5 bilhões, à medida
que o mercado transita na direção de ativos com retorno elevado e que a taxa
Selic cai", afirmou o presidente do BNDES.
O BNDES dispõe atualmente de 29 fundos, entre fundos voltados ao capital
semente e Venture Capital e outros 15 de Private Equity. Nos últimos sete anos
o banco agregou mais 23 fundos, encerrou nove e parte desses fundos está
amadurecendo. No total, esses fundos realizaram investimentos em 199 empresas.
"O que nós queremos - governo, BNDES, FINEP e ministérios - é impulsionar ainda
mais a indústria de Venture Capital e Private Equity no País. Entendemos que o
mercado, junto com o banco, é o canal mais eficiente para a gestão e alocação
de capital", ressaltou Coutinho.
Em sua palestra de abertura no Congresso ABVCAP 2012, o presidente do BNDES fez
uma análise sobre o cenário internacional e brasileiro, e apontou diversos
fatores que posicionam o País entre os mais atraentes para os investimentos de
longo prazo. "O Brasil faz parte daquelas economias que podem contribuir para
um crescimento mundial mais firme, em um quadro pouco animador das economias
desenvolvidas", afirmou Luciano Coutinho.
Segundo ele, o investimento deverá ser a mola propulsora do crescimento
brasileiro. "A grande missão do BNDES é buscar a ascensão da taxa de
investimento e poupança para perto de 24% do PIB", ressaltou Coutinho, ao citar
que em 2011 a
taxa de investimento se situou em 20,4%, e este ano deve chegar a 22% do PIB.
Para isso, o governo deverá atuar com o objetivo de diversificar as fontes de
financiamento de longo prazo, fomentar a inovação e sustentabilidade, investir
de forma crescente em infraestrutura, qualificar a força de trabalho para
sustentar ganhos de produtividade e melhorar a competitividade da indústria
brasileira.
Depois do volume de captações ter atingido US$ 7 bilhões em 2011, mais do que
cinco vezes superior ao montante total captado em 2010, que foi de US$ 1,1
bilhão - segundo dados da EMPEA (Emerging Markets Private Equity Association),
o Brasil mantém perspectivas muito favoráveis para o ingresso de capital e os
investimentos no setor. Estimativa da ABVCAP é que até junho o setor vai contabilizar
de US$ 10 bilhões a US$ 15 bilhões entre recursos movimentados nos últimos 18
meses.
O Brasil respondeu por 18% de todo o volume captado por fundos de Private
Equity em emergentes no ano passado e foi o segundo principal destino dos
recursos captados pelos fundos no primeiro semestre de 2011 - atrás apenas da
China. Os dois países juntos lideraram as captações dos países emergentes, com
um US$ 23,7 bilhões, o equivalente as 61% do total de captações dos emergentes,
que foi de US$ 38,6 bilhões. Além disso, segundo pesquisa publicada pela EMPEA
e Coller Capital, o Brasil foi apontado como o País mais atraente para os
investidores de PE entre os países emergentes.
"Temos atingido níveis surpreendentes de captação de recursos e criação de
fundos, ao mesmo tempo em que cada vez mais gestores estão se instalando no
País. Daqui para frente, a expectativa é que cresçam, com mais força, também os
investimentos nas empresas", afirma Clóvis Meurer, novo presidente da ABVCAP.
No Congresso ABVCAP 2012, são analisados e debatidos temas como o ambiente de
investimentos de longo prazo no Brasil, os avanços no ambiente regulatório, a
participação crescente dos investidores institucionais, a perspectiva de
captação de recursos estrangeiros, a visão dos investidores internacionais, os
setores que mais atraem interesse, bem como o cenário de investimentos e de
IPOs.
Fonte: InvestNE