Os
trabalhadores que conquistaram uma vaga com carteira assinada este ano se
depararam, no Rio Grande do Norte, com o terceiro menor salário médio de
admissão do país. De acordo com dados relativos ao primeiro trimestre,
divulgados nesta segunda-feira, 16, pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o
valor médio no estado, R$ 795,71, só ficou na frente dos registrados no Piauí
(R$ 771,65) e na Paraíba (R$ 768,24), apesar de ter alcançado um aumento real
de 7,29%, em relação ao do mesmo período do ano passado. A posição negativa do
RN é semelhante a que ocupou em 2011.
"Tradicionalmente os salários no Rio Grande do Norte ficam abaixo dos de
outros estados. Uma das razões para isso é que os pisos de atividades como
indústria e serviços estão colados no salário mínimo", analisa o
supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos
Socioeconômiocos (Dieese), Melquisedec Moreira. A alta taxa de rotatividade no
mercado de trabalho é, entretanto, a principal responsável por pressionar a remuneração
inicial dos trabalhadores, na visão dele.
Um estudo recente do Dieese e do Ministério do Trabalho sobre a rotatividade do
mercado de trabalho brasileiro mostra que a taxa no Estado, em 2010, era de
37,1%. Isto é, a cada 100 contratados, 37 eram demitidos. "E são demissões
por iniciativa da empresa. Esses trabalhadores saem e retornam à busca por nova
vaga. Esse movimento reduz salário", diz Moreira, observando que a
rotatividade rebaixa a remuneração porque quem entra no mercado entra com um
salário menor do que os que são desligados.
Segundo o Tribuna do Norte, especialistas observam que a alta rotatividade é
ruim para o trabalhador e boa para o empregador porque, demitindo o empregado e
contratando um outro para a mesma vaga, a empresa aumenta a produtividade e
diminui os custos, já que se livra dos encargos sociais altos.
Em março deste ano, a taxa de rotatividade no Rio Grande do Norte chegou a
3,90% - a segunda maior da região. A da Bahia (3,98%) ficou na primeira posição
do ranking. Na construção civil, a taxa do Rio Grande do Norte também é a
segunda maior nordestina: 7,25%. Perde para a do Piauí, que ficou em 8,33% no
período.
O Ministério do Trabalho não analisou os números do levantamento, mas informou,
em nota, que o cenário é semelhante ao verificado em 2011. Os números mostram
que, apesar de ter registrado o segundo maior crescimento real do Nordeste, de
janeiro a março, o Rio Grande do Norte continuou entre os piores do ranking. Na
outra ponta, São Paulo (R$ 1.134,90), Rio (R$ 1.119,43) e Distrito Federal (R$
1.032,80) continuam nas primeiras posições entre os estados.
Saldo de emprego
A geração de empregos segue o mesmo caminho do salário de admissão. No primeiro
trimestre do ano, foram admitidos no estado 45.712 trabalhadores e demitidos
47.842, rendendo saldo negativo de 2.130 vagas. A indústria de transformação e
a agropecuária foram os setores que mais cortaram postos de trabalho no período.
Na indústria, as demissões ficaram concentradas nas indústria têxtil, de
confecções, de alimentos e na química, influenciadas, nestes últimos casos,
pela produção de açúcar e álcool.
De janeiro a março, a indústria química dispensou 1.511 trabalhadores no
Estado. Já a têxtil e de confecções cortou 854 vagas, e não há previsão de
recuperação breve, na avaliação do presidente da Federação das Indústrias do
Rio Grande do Norte, Amaro Sales. Na visão dele, o principal gargalo das
fábricas, a concorrência com a China, precisa ser combatida, e as recentes
medidas do governo federal, para desonerar a folha de pagamento, reduzir
tributos e o custo do crédito surtirão pouco efeito no mercado de trabalho do
estado. Ele projeta que a construção civil, por outro lado, registrará melhor
desempenho estimulada pelas obras relacionadas à Copa de 2014 e à construção de
parques eólicos.
Os setores de comércio e serviços também se destacam. Até março, foram os dois
juntos os que mais geraram empregos no estado. Apesar de ter desacelerado em
relação a 2011, a
movimentação de turistas em Natal ajudou a puxar os números para cima, segundo
o presidente da Fecomercio RN, Marcelo Queiroz.
Fonte: Tribuna do Norte