A secretária de Comércio Exterior do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Tatiana Lacerda
Prazeres, assegurou hoje (8), no Rio de Janeiro, que não interessa para o
Brasil que a situação econômica se deteriore na Argentina, apesar do
protecionismo praticado por aquele país.
Ela falou sobre o tema Desafios do Comércio
Exterior para membros da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), na
Sociedade Nacional de Agricultura (SNA). A secretária admitiu que em momentos
de crise, alguns países podem praticar o protecionismo. Mas ressaltou que a
orientação do governo brasileiro é de combater o protecionismo. "O Brasil tem
sido incisivo em questionar barreiras de outros países e essa orientação tende
a se reforçar", disse.
Tatiana esclareceu que a medida sinalizada pelo
governo brasileiro foi financiar as exportações brasileiras para a Argentina ou
as importações argentinas de produtos oriundos do Brasil. Essa possibilidade
ocorreria somente se houvesse acordo com os argentinos de que isso poderia
desbloquear as exportações brasileiras para o país.
"O que ocorre é que a Argentina representa hoje um
grande desafio para o Brasil. As exportações brasileiras para o mercado
argentino caíram e não interessa para o Brasil que a situação econômica na
Argentina se deteriore. Um bom desempenho econômico da Argentina é importante
para o Brasil e para o comércio exterior do brasileiro".
A Argentina perdeu participação relativa na pauta
de exportações brasileira. Hoje está na faixa de 10% do total, mas no passado
recente chegou a 12% ou 13%. Na avaliação da secretária, a Argentina é muito
importante para os produtos manufaturados do Brasil. "Quase 90% do que o Brasil
exporta para a Argentina são produtos manufaturados. Portanto, é um mercado
muito importante e não convém para o Brasil que piore a situação na Argentina",
destacou. O país é o terceiro destino das exportações brasileiras no acumulado
de 2012, repetindo o que ocorreu no ano passado.
Em relação à possibilidade de o protecionismo na
América do Sul vir a prejudicar o Brasil em um acordo entre a União Europeia e
o Mercosul, Tatiana analisou que os europeus são muito protecionistas no
comércio agrícola e têm dificuldades em liberalizar esse mercado.
Ela lembrou que o Brasil e o Mercosul também têm
seus interesses. A negociação, contudo, segue em curso. Houve, segundo
a secretária, avanços na negociação de regras. A próxima etapa será a
apresentação de ofertas. "Há interesses ofensivos e defensivos dos dois lados.
É uma negociação que segue com muita confiança".
Tatiana admitiu que, a partir da presidência
brasileira no Mercosul, prevista para julho próximo, há possibilidade de que o
acordo avance mais. "É possível, desde que os europeus demonstrem abertura para
negociar aspectos que nos interessam". Entre eles, destacou os aspectos
agrícolas e salvaguardas para proteger a indústria nascente.
"Cada país membro do Mercosul tem seus interesses e
preocupações. Mas, há um esforço de harmonização. Também do lado europeu, a
atuação é coordenada, em bloco". A secretária ressaltou que os membros do
Mercosul continuam atuando em bloco nas negociações internacionais.
Fonte: Agência Brasil